Se você já assistiu a algum dorama, provavelmente reparou em uma cena matinal que se repete: a mesa está posta, e o que tem ali é arroz, sopa, alguns acompanhamentos salgados e kimchi. Nada de pão, leite, café com açúcar ou frutas cortadinhas. E não, aquilo não é exagero de roteiro — é só a realidade.
Na Coreia, o café da manhã é uma refeição completa, como o almoço e o jantar. A lógica é simples: o corpo precisa de energia real para começar o dia, e o arroz, além de ser símbolo de fartura e tradição, é a base que sustenta. Não existe essa ideia de “refeição leve porque é cedo”. Comer arroz de manhã é visto como uma forma de cuidar da saúde, da força e da rotina.
A cultura alimentar coreana é estruturada em torno do equilíbrio entre os elementos: arroz (carboidrato), sopa (líquido e temperatura), banchan (os acompanhamentos, geralmente vegetais e fermentados), e algo proteico, como ovo ou peixe. Esse padrão se repete em todas as refeições. A hora do dia não altera a composição do prato — o que muda, às vezes, é a quantidade.
Na prática, comer arroz no café da manhã não é só hábito, é também uma forma de manter a estrutura do corpo e da rotina alinhadas. Muitos coreanos saem cedo para trabalhar, enfrentam trânsito, longos trajetos e ambientes exigentes. Uma refeição leve e açucarada não daria conta. Eles precisam de saciedade — e isso vem do arroz.
Outra coisa importante: o arroz é mais do que comida. É símbolo de cuidado, presença e até respeito familiar. Preparar uma tigela de arroz quente pela manhã é uma forma silenciosa de dizer “cuide-se hoje”. Talvez por isso, nas casas mais tradicionais, ele ainda seja feito na hora, no vapor — mesmo com toda a praticidade moderna ao redor.
Então sim, se você já viu alguém comendo arroz logo cedo em um dorama, aquilo era real. Mas mais do que real: fazia sentido. E quando você entende o ritmo da vida coreana, percebe que aquela tigela branca, discreta, diz muito mais do que parece.
